Angústias e Medos: Ô Tempo Difícil!

Temos vivido um tempo de muitas angústias e medos. Medo da violência, medo do futuro, medo do presente, medo de ter medo. É um tempo de muita insegurança, os homens mudam rapidamente suas opiniões, desistem facilmente de projetos e sonhos, trocam os amigos, trocam seus parceiros num estalar de dedos, o casamento não tem mais durabilidade. É a sociedade do descartável, do absoleto, do "não preciso mais". É a deterioração dos relacionamentos acompanhando a deterioração da terra. A corrida louca pelo ter, amontoar riquezas, contabilizar bens, que leva o homem a esquecer-se do SER. Esta instabilidade dos homens e do planeta, traz insegurança no viver, levando muitos a irem em busca das psicoterapias ou dos divãs dos analistas. Como alguém que está se afogando, buscam desesperadamente algo em que se agarrar, algo que lhes tire daquela situação de angústia e pânico.
A única maneira de nos curarmos desses sintomas, é nos apegarmos à fé genuína em um Deus que não é somente Criador, mas é pessoal e fonte de amor e cuidado. Sendo por isso também gerador de amor na vida das pessoas. Não dá para viver num mundo tá seco e árido de afeto, se não exercermos a fé.
Ter fé é olhar além do que já está posto diante de nossos olhos, é olhar além do óbvio, do finito, e perceber o infinito, Aquele que tem tudo em Suas mãos, diante do qual nada escapa. Seus olhos estão postos principalmente na vida daqueles que confiam nele.


ELE É O DOADOR DA VIDA!

Individualidade Versus Vida Humana


O homem está sempre às voltas com sua individualidade, buscando se auto-recompensar, buscando os seus próprios interesses. Desde o princípio da história da humanidade o homem age como se vivesse sozinho na terra, esquecendo que precisa do outro para se constituir enquanto pessoa, se reconhecendo a partir desse outro. Somente após uma grande tragédia que abala as estruturas e põe em risco a subjetividade, gerando uma crise existencial, é que este ser tão “onipotente” percebe-se necessitado de algo ou alguém que o faça sentir o seu chão abaixo de seus pés.

Foi assim após as duas grandes guerras, as pessoas se importavam unas com as outras, davam assistência e apoio àquelas famílias que haviam sofrido a perda de um de seus componentes. Os profissionais ofereciam seus serviços além de emprestarem seus ouvidos ao relato da dor que se instalara nas pessoas feridas. O motivo do envolvimento desses profissionais era resultado da insegurança que se vivia naquele momento do pós-guerra, pois áreas vitais da existência humana, como o corpo físico, psicológico e espiritual, haviam sido devastadas. O caos se instalara no presente, e grande era a incerteza acerca do futuro. Por um pouco esqueceu-se da vida particular e individual, o pensamento e sentimento era pelo bem da maioria, não havia lugar para a individualidade.

A reflexão que faço é que no atual momento vivemos uma realidade bem diferente apesar de existir muitas pessoas acometidas pelo sofrimento, no entanto é um sofrimento individual, particular que move muito pouco, quase que imperceptivelmente as ações de solidariedade. Esta diferença entre os dois momentos revela na contemporaneidade uma onda de individualidade e impessoalidade, até mesmo a banalização da vida, na qual o viver ou o morrer do outro não faz mais diferença, apesar de muitos compartilharem da mesma dor como a pobreza, a doença, a marginalidade e a violência.
O que percebo é que voltamos à individualidade do pré-guerra e a sede por vingança e morte, mas de uma maneira sorrateira, pois o que se vê é o embrutecimento frio do indivíduo na corrida para alcançar os seus objetivos.
São inúmeros os enunciados e a ação da própria mídia, que convida o homem a preservar a natureza, a terra, a biodiversidade do planeta. Entretanto, este homem nem mesmo conseguiu preservar a natureza na qual e para a qual fora criado: “imagem e semelhança do seu criador”. Dessa forma, ele apenas torna-se capaz de destruir-se, deteriorando as possibilidades da existência humana e a possibilidade de conhecer o sublime, o eterno, o doador da vida e cuidador do homem: Deus O Criador. Este por sua vez, está sempre a espera que a humanidade volte-se para ele compreendendo que ela é um ser finito e imperfeito e que por isso sente-se insegura quando é autora do curso de sua existência.