Individualidade Versus Vida Humana


O homem está sempre às voltas com sua individualidade, buscando se auto-recompensar, buscando os seus próprios interesses. Desde o princípio da história da humanidade o homem age como se vivesse sozinho na terra, esquecendo que precisa do outro para se constituir enquanto pessoa, se reconhecendo a partir desse outro. Somente após uma grande tragédia que abala as estruturas e põe em risco a subjetividade, gerando uma crise existencial, é que este ser tão “onipotente” percebe-se necessitado de algo ou alguém que o faça sentir o seu chão abaixo de seus pés.

Foi assim após as duas grandes guerras, as pessoas se importavam unas com as outras, davam assistência e apoio àquelas famílias que haviam sofrido a perda de um de seus componentes. Os profissionais ofereciam seus serviços além de emprestarem seus ouvidos ao relato da dor que se instalara nas pessoas feridas. O motivo do envolvimento desses profissionais era resultado da insegurança que se vivia naquele momento do pós-guerra, pois áreas vitais da existência humana, como o corpo físico, psicológico e espiritual, haviam sido devastadas. O caos se instalara no presente, e grande era a incerteza acerca do futuro. Por um pouco esqueceu-se da vida particular e individual, o pensamento e sentimento era pelo bem da maioria, não havia lugar para a individualidade.

A reflexão que faço é que no atual momento vivemos uma realidade bem diferente apesar de existir muitas pessoas acometidas pelo sofrimento, no entanto é um sofrimento individual, particular que move muito pouco, quase que imperceptivelmente as ações de solidariedade. Esta diferença entre os dois momentos revela na contemporaneidade uma onda de individualidade e impessoalidade, até mesmo a banalização da vida, na qual o viver ou o morrer do outro não faz mais diferença, apesar de muitos compartilharem da mesma dor como a pobreza, a doença, a marginalidade e a violência.
O que percebo é que voltamos à individualidade do pré-guerra e a sede por vingança e morte, mas de uma maneira sorrateira, pois o que se vê é o embrutecimento frio do indivíduo na corrida para alcançar os seus objetivos.
São inúmeros os enunciados e a ação da própria mídia, que convida o homem a preservar a natureza, a terra, a biodiversidade do planeta. Entretanto, este homem nem mesmo conseguiu preservar a natureza na qual e para a qual fora criado: “imagem e semelhança do seu criador”. Dessa forma, ele apenas torna-se capaz de destruir-se, deteriorando as possibilidades da existência humana e a possibilidade de conhecer o sublime, o eterno, o doador da vida e cuidador do homem: Deus O Criador. Este por sua vez, está sempre a espera que a humanidade volte-se para ele compreendendo que ela é um ser finito e imperfeito e que por isso sente-se insegura quando é autora do curso de sua existência.

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